Mesa / Obra
A reflexividade dos mecanismos de apresentação dos projetos em Arte e Áudio-Visual garante o seu estado estético político?
Curadoria : CAPACETE / 2010 - 29a Bienal de SP - Há Sempre Um Copo de Mar para Um Homem Navegar. Curadoria Geral: Agnaldo Farias e Moacir do Anjos.
Participantes: Cauê Alves, Ilana Feldman, Ismail Xavier e Raquel Garbelotti
Diversos autores discorreram sobre os mecanismos reflexivos com relação a imagem que produz um discurso. Ismail Xavier no livro O Discurso Cinematográfico: a opacidade e a transparência, desenvolve sobre a trajetória destes diversos discursos trazidos pelo Cinema, desde aquele que deve ser o da grande matriz organizativa do Cinema até aquele que poderia ser - o discurso da diferença.
Ilana Feldman em seu texto Na contramão do Confessional: O ensaísmo em Santiago, de João Moreira Salles, Jogo de cena, de Eduardo Coutinho e Pan-Cinema Permanente, de Carlos Nader; desenvolve sobre a relação do documentário como de seus questionamentos sobre os mecanismos de reflexividade próprios deste gênero, pois os filmes que utiliza apresentariam estratégias que divergem daqueles em que o espectador acredita estar diante do próprio discurso de um personagem, portanto estar diante da verdade sem mediações.
Nas colocações de Feldman como nas de Xavier, podemos pensar na separação mas também na relação entre a idéia de discurso opaco e de discurso transparente (a imagem como verdade ou fato).
Cauê Alves em seu texto Hélio Oiticica: Cinema e Filosofia, desenvolve sobre a já descontextualizada (idéia de participação) desde os anos de 1970 - época em que foi apresentado ao público a série Cosmococa de Hélio Oiticica. Talvez esta afirmação de Alves corresponda a dificuldade de afirmar o sentido político de umprojeto artístico, mesmo aquele que apresenta-se como aparato reflexivo (difusão da imagem no espaço expositivo, multiplicidade de operações que convocam o espectador à participação, etc).
Convidei estes agentes da Arte e do Cinema, para uma reflexão sobre a afirmação de mecanismos (aqueles que trazem o espectador para a produção de sentido crítico da obra) como dado político. Propus uma mesa que reuniu estes autores e suas experiências no âmbito do estético pelo caminho crítico que lhes é próprio. A aproximação de tais autores e suas respectivas posições, provocadas pela questão levantada por mim; produziu uma experiência crítica aberta que ocorreu no tempo e espaço das falas e da possibilidade de debate entre as mesmas.



︎